RICARDO OLIVEIRA – 2013
«Ser músico é pertencer aos sentimentos e aos
pensamentos de todos aqueles que gostam de sentir vontade de viver, sorrir e
ter prazer com uma simples frase cantada». É assim que Ricardo
Oliveira descreve a sua maneira de estar. Na música, como na vida.
Emociona-se quando recorda estas palavras que escreveu e vai mais longe: «Ser músico não é só cantar ou tocar – é ter
sentimento por aquilo que se faz». Ele sabe do que fala.
Ricardo Oliveira é um cantor com uma voz inconfundível que, em «O Vento Mudou», entoa poemas eternos,
que todos carregam no coração mas nos quais se descobrem, agora, novos recantos,
tornados inéditos graças à sua interpretação. Da mesma forma que Frank Sinatra fez
seus os clássicos norte-americanos, que Michael Bublé usa a sua voz para
homenagear hinos de outros, em 2013, Ricardo
Oliveira empresta o seu olhar a pedras basilares da música portuguesa. Ao
fazê-lo, leva-as mais além e isso torna-o único.
Todos os passos de Ricardo Oliveira o
encaminharam até «O Vento Mudou».
Filho de músicos, em criança já podia ser visto no palco. «A minha mãe foi cantora de fado, o meu pai começou quando estava na
tropa, sempre teve bandas e eu segui-lhe as pisadas». Com oito anos, iniciou-se na música. «Com
dez, passei para o teclado e comecei a cantar». Apaixonado pela
multiplicidade de sons de cada instrumento, passou pela «guitarra, bateria, baixo,
trompete. Aprendi sozinho». Arriscou-se, então, pelos seus primeiros
projectos e frequentou a melhor escola: a estrada. «O circuito de bares deu-me um
grande treino. Foram muitos anos a tocar, muitas horas, muitos quilómetros».
Em 2003, todos os olhos ficaram, pela primeira vez, presos à intensidade de
Ricardo Oliveira – na primeira
edição de Ídolos, foi finalista. Uma surpresa para quem, inicialmente, nem
queria participar. «Os meus pais é que me inscreveram, só
descobri quando recebi o telefonema para ir ao casting. Fui passando as várias
fases e consegui o 2º lugar». Em
horário nobre, cativou Portugal. A aprendizagem deu origem a um disco. Olhando
para trás, no entanto, confessa que «não estava preparado para dar o salto.
Tinha 23 anos e aquela não era a hora».
Quase uma década depois, volta aos pequenos ecrãs,
desta feita em A Voz de Portugal, uma competição que parecia feita à sua medida
mas na qual ainda hesitou em participar. «Estava a ver televisão e passou o anúncio
d’A Voz de Portugal. Quando surgiu novamente, pensei: se passar três vezes,
inscrevo-me – e passou! Parece destino». Na “Prova Cega”, onde os
mentores escolhiam – apenas pela voz – foi dos intérpretes que mais fascinou.
Para «as costas» de Paulo Gonzo, Mia Rose, Rui Reininho e os Anjos, sentou-se
ao piano e recriou «20 Anos». Foi escolhido por todos. «Os quatro mentores carregaram no
botão mas os primeiros foram os Anjos, que eram quem eu queria». O seu
objectivo era claro. «No Ídolos, participo pela experiência; n’A
Voz de Portugal, confesso, participo porque queria gravar o álbum», o
prémio para o vencedor. Na final, fica em 2º lugar. No entanto, tinha
impressionado de tal maneira que recebe a recompensa por que ansiava. «A
Universal Portugal comunicou-me que queria gravar um álbum meu. Nessa altura,
chorei: tinha alcançado o objectivo por que sempre esperei».
Foi com «20 Anos» que Ricardo Oliveira se apresentou em A Voz
de Portugal e esse clássico de José Cid passa por «O Vento Mudou», o primeiro álbum de Ricardo Oliveira editado pela Universal Portugal, um disco onde se
faz uma excitante viagem pela história da música portuguesa. «Estou Além», «Cinderela»,
«Olhos Castanhos» – melodias sem idade que, em «O Vento Mudou», se apresentam surpreendentemente novas. «Quis
pegar em canções que me emocionam. Normalmente, não gosto de me ouvir mas,
aqui, sinto que consegui deixar a minha presença».
«Nem Às Paredes Confesso», «Só Nós Dois», «Flor sem
Tempo» alinham em «O Vento Mudou»,
que foi produzido pela Blim Records, por Ricardo Ferreira e João Matos, com
arranjos de Rui Ribeiro e direcção musical de Hélder Godinho. Entrar em estúdio,
para concretizar este grande desejo, ultrapassou todas as expectativas de Ricardo Oliveira. «Foi fabuloso, sobretudo pelas
pessoas com quem estive. Sabíamos exactamente o que queríamos. Trabalhei muito
para conseguir obter o tipo de som que queria e, depois, foi só deixar fluir».
O grande desafio passava, afinal, por tornar «suas» estas canções. «Consigo
expor aspectos que ainda não tinham sido revelados: e isso sou eu a cantar.
Todas aquelas palavras têm um significado e é isso que quero mostrar – aquilo
que canto é aquilo que sou. É isso que este álbum tem». A delicadeza de
«No Teu Poema» dá lugar à suavidade de «O Vento Mudou» e à abordagem jazzy de «O
Vento Mudou», o primeiro single. Pelo meio, imponentes arranjos de cordas e
metais, num tremendo esplendor orquestral que abre caminho ao verdadeiro
espelho de alma que é a voz de Ricardo
Oliveira.
Ao recordar os vários momentos que o conduziram até
« O Vento Mudou », sorri e comove-se.
É evidente a ansiedade da concretização de uma quimera imaginada há muito. Natural
do Entroncamento, sabe que carrega na voz a essência do ser português. Quer
cantar mas, acima de tudo, quer fazer parte das vidas das pessoas. «Isso só se consegue quando se transmite aquilo que
realmente somos. E cantar está no meu sangue».
Em «O Vento Mudou » reúnem-se clássicos de
várias épocas e géneros, com um só denominador comum – Ricardo Oliveira.
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